Hércule Florence
Antoine Hércule Romuald Florence, conhecido como Hércule Florence, nascido em Nice, França, em 29 de fevereiro de 1804, e falecido em Campinas, Brasil, em 27 de março de 1879; chegou ao Rio de Janeiro em 1824, como tripulante de um navio francês. Filho de médico militar e uma nobre francesa, desde criança demonstrou interesse por desenho, ciências e pelas famosas expedições de viajantes europeus ao Novo Mundo. No Rio de Janeiro, trabalha como vendedor no comércio da cidade até que, após responder a um anúncio veiculado em um jornal local da época, conseguiu ser contratado na condição de segundo desenhista, para a Expedição Langsdorff (1821-1829), uma viagem científica idealizada pelo cônsul russo Barão Langsdorff, em setembro de 1825. O grupo vai para Santos de navio e segue para a Amazônia pelo interior do país.
Após o fim de seu trabalho com a expedição Langsdorff, Florence muda-se em 1830 para Vila de São Carlos (atual Campinas) em São Paulo, onde constitui família e torna-se fazendeiro, sem deixar a arte e as questões científicas de lado. Florence continua registrando a paisagem e as transformações pelas quais passa a região no decorrer do século XIX. Documenta o incremento da lavoura de cana-de-açúcar e café, o trabalho escravo nos engenhos, as queimadas e derrubada das matas para plantio e, em menor número, a capital paulista. É de Florence um dos poucos desenhos do interior da antiga Igreja da Sé de São Paulo. Por essa produção é reconhecido como um dos pioneiros da iconografia paulista.
Entretanto, Florence não se limita a suas atividades agropecuárias e artísticas. Ele é também um ativo pesquisador e inventor de novos processos químicos de reprodução de imagens. Em 1832, começa a investigar as possibilidades de fixação da imagem utilizando uma câmara escura por meio de um elemento químico que mude de cor pela ação da luz. Com a ajuda do boticário Joaquim Correa de Mello, realiza experiências fotoquímicas que dão origem a imagens batizadas de “Photographie” (Fotografia) em 1833. Florence produz cópias fotográficas de desenhos em Campinas. Entre os exemplares realizados, restam hoje as impressões fotográficas do “Diploma da Maçonaria” (1833). Florence criou o vocábulo “PHOTOGRAPHIE” seis anos antes do britânico John Herschel, considerado o primeiro a fazer menção à palavra.
A data oficial do nascimento da fotografia recai sobre o ano de 1839, quando a Daguerreotipia é declarada de domínio público pelo governo francês. Ao tomar conhecimento desse fato, Hércule Florence declara: “A fotografia é a maravilha do século. Eu também já havia estabelecido os fundamentos, previsto esta arte em sua plenitude. Realizei-a antes do processo de Daguerre, mas trabalhei no exílio. Imprimi por meio do sol sete anos antes de se falar em fotografia. Já tinha lhe dado esse nome, entretanto, a Daguerre todas as honras”.
Hércule Florence, Diploma de Maçonaria, 1833
(continua)