Fotografia Autoral II

Já falei sobre a minha definição de fotografia autoral neste artigo, resumidamente ela pode ser de qualquer estilo e praticada por qualquer um. E dependendo da qualidade do trabalho realizado pode vir a ser considerada ‘fine art’ por críticos e especialistas. Mas mesmo que não tenha valor comercial, não deixa de ser fotografia autoral. Eu termino o artigo recomendando a todos que estudem e pratiquem bastante, e é nesse ponto que quero retomar o assunto.

Ok, já determinamos que nem todos têm o dom ou a capacidade de criar fotografias ‘fine art’; mas nem por isso precisamos nos conformar em fazer sempre um trabalho, na melhor das hipóteses, mediano ou, em alguns casos, medíocre. E é por isso que é importante estudarmos e praticar sempre a fotografia, para aprimorarmos nosso trabalho. 80% esforço e 20% inspiração!

Uma coisa que minha experiência profissional me ensinou é que todo processo se torna mais eficiente e com mais chances de sucesso se possuir objetivos claros e atingíveis. Por isso vou dar a vocês uma dica: transformem sua fotografia em um projeto.

A fotografia autoral pode ser praticada de três formas diferentes: descompromissada, deliberada ou planejada. Pode ser que hajam outras formas, afinal os limites da criatividade estão sempre em expansão. E pode ser também que as formas que vou descrever sejam conhecidas por outros nomes, afinal, acabei de inventar esses. 😉

A fotografia autoral descompromissada é basicamente reativa, e é a forma mais básica da fotografia. Nela, o fotógrafo ‘reage’ as circunstâncias capturando as imagens conforme as oportunidades se apresentam. É a síntese da fotografia de rua de Cartier-Bresson onde o ‘momento decisivo’ determina o momento do click. Esta é a forma mais comum pela qual a fotografia é praticada, largamente difundida a partir do momento em que as câmeras fotográficas se tornaram portáteis e ágeis o suficiente para serem carregadas pelas ruas sempre prontas para serem usadas em uma fração de segundo. Praticamente todos nós começamos no mundo da fotografia dessa forma e muitos nunca praticam outro tipo de fotografia. E tudo bem, afinal de contas, o já citado Cartier-Bresson, exponencial máximo desta forma de prática fotográfica, é um dos maiores fotógrafos de todos os tempos.

Mas na minha opinião, esta forma de praticar fotografia é um pouco comodista e não favorece o desenvolvimento pessoal. Sim; com estudo e prática constante você irá se desenvolver, mas de forma mais lenta, porque carece de um objetivo claro. Veja bem, é bom frisar que esta é apenas a minha opinião.

Minha sugestão para acelerar o seu desenvolvimento é a criação de séries fotográficas. Dessa forma você estará definido um objetivo para sua fotografia e ela deixará de ser descompromissada (reativa) para ser deliberada. Você irá sair a rua da mesma forma, mas ao invés de apenas reagir as circunstâncias, irá procurar ativamente pelo assunto que deseja fotografar. A grande vantagem é que agora você sabe o resultado que deseja alcançar e vai se aprimorar conforme a necessidade.

A fotografia deliberada se assemelha mais com as primeiras fotografias da história. Naquela época tirar uma fotografia não era tarefa fácil, o equipamento era grande, pesado e de uso complexo. Então a escolha do que fotografar era uma ação deliberada, ou seja, o momento decisivo acontecia na cabeça do fotógrafo ao escolher a imagem a ser capturada e não no impulso do momento. E foi assim que a fotografia se desenvolveu.

Vou deixar aqui um exemplo de série fotográfica que realizo. No próximo artigo irei falar sobre a prática fotográfica planejada. Até mais!

Moça destraída no celular parada no meio da rua em Paris.

Uma doida em Paris. Felizmente não foi o ‘momento decisivo’ na vida da moça – ela não foi atropelada. Infelizmente eu não estava preparado e a foto ficou fora de foco.

 

 

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